O Instituto Nacional de Estatística apresentou os primeiros resultados (Informação disponibilizada pelo INE em 26 de Junho 2009) sobre o empreendedorismo em Portugal para o período 2004-2007. Os dados divulgados permitem caracterizar o dinamismo da economia portuguesa através de indicadores sobre nascimentos, mortes e sobrevivência de empresas e ainda de indicadores relativos às empresas de elevado crescimento em Portugal. Algumas comparações internacionais permitem enquadrar a actividade empreendedora em Portugal no contexto europeu.
Movimento demográfico das empresas
- Em 2007, surgiram 167 473 novas empresas em Portugal;
- Cerca de 73% das empresas nascidas em 2006 sobreviveram em 2007;
- O sector dos Serviços foi aquele que, entre 2004-2007, evidenciou o maior dinamismo empresarial, patente nas maiores taxas de natalidade e de mortalidade das empresas;
- O sector da Indústria foi o sector que evidenciou as maiores taxas de permanência no mercado no final do primeiro ano;
-
Em 2006, Portugal foi o país com a terceira maior taxa de natalidade (14,2%), de entre os 16 países com informação disponível.
1. INDICADORES SOBRE A DEMOGRAFIA DAS EMPRESAS
Em 2007, existiam em Portugal quase 1,2 milhões de empresas não financeiras, nas quais prestavam serviço 3,8 milhões de pessoas e que registaram, no total, um volume de negócios da ordem dos 354 305 milhões de euros.
Mais de 68% do sector empresarial era composto por empresas individuais (empresários em nome individual e trabalhadores independentes). As sociedades, embora com um peso de apenas 31,8% no total de empresas, empregavam 77,2% das pessoas ao serviço na economia e representavam 94,1% do volume de negócios gerado pelo sector empresarial não financeiro neste ano.
1.1. NASCIMENTOS REAIS E SOBREVIVÊNCIA
167 473 novas empresas em 2007
Em 2007, iniciaram actividade 167 473 empresas, correspondendo a uma taxa de natalidade de 15,2%, ligeiramente inferior à taxa de 15,7% registada nas empresas criadas com uma ou mais pessoas remuneradas. Quando consideradas as unidades com duas ou mais pessoas remuneradas, verifica-se um decréscimo na taxa de natalidade para 11,4%. Esta tendência de comportamento indicia que a propensão para a criação de novos negócios se reduz com o acréscimo do investimento necessário à sua concretização, especificamente com o acréscimo do número de recursos humanos.
Serviços com a maior taxa de natalidade
Serviços com a maior taxa de natalidade Sectorialmente, evidenciaram-se os Serviços, com a maior taxa de criação de novas empresas (17,7%) e, em oposição, o sector da Indústria, com a taxa mais baixa (9,7%), reflectindo um diferencial de cerca de 8 p.p. entre a taxa de natalidade nos dois sectores.
Para estes comportamentos contribuíram essencialmente os custos de entrada no mercado: mais elevados nas unidades que pretendem entrar nas actividades da Indústria do que nas unidades que pretendem iniciar actividade nos Serviços.
Cerca de 30% dos nascimentos não sobrevive no final do 1º ano
A análise da sobrevivência é um primeiro indicador do desempenho das novas empresas. Observa-se que, no fim do primeiro ano de vida, mais de 70% das empresas sobrevive e permanece no mercado, comportamento verificado quer para os nascimentos reais com uma ou mais pessoas remuneradas quer para o total.
Do primeiro para o segundo ano, a taxa de sobrevivência do total de empresas decresce consideravelmente (19 p.p.), sendo que, do segundo para o terceiro ano, este decréscimo é significativamente atenuado (6,7 p.p.), demonstrando que é nos dois primeiros anos de actividade que as empresas enfrentam os maiores desafios e obstáculos que poderão condicionar a sua permanência no mercado
Indústria com a maior sobrevivência a 1 ano
Por sector de actividade económica, observa-se que, no final do primeiro ano de vida, o sector da Indústria apresentou as maiores taxas de sobrevivência, quer para o total de nascimentos (78,6%), quer para os nascimentos com uma ou mais pessoas remuneradas (79,2%), facto que poderá ser explicado pelos custos de entrada (e de saída) no mercado, tipicamente mais elevados. Em oposição, o sector dos Serviços é aquele em que o dinamismo e rotatividade são maiores, confirmados pela maior saída de empresas no final do primeiro ano.
Maior sobrevivência na Construção a 2 e 3 anos
Já no que respeita à sobrevivência a 2 e a 3 anos, verifica-se que foi no sector da Construção que as taxas de sobrevivência foram superiores, acima dos 50%, ao que não será alheio o elevado tempo de duração de alguns tipos de obras.
1.2. MORTES REAIS
Ao longo do triénio 2004-2006 verificou¬ se um acréscimo no número de mortes de empresas. Embora o número de empresas criadas entre 2005 e 2007 tenha também registado um crescimento, o diferencial entre as taxas de natalidade e de mortalidade ao longo deste período reflecte uma redução na proporção de novas empresas que vêm substituir as mais antigas e menos eficientes.
Indústria com a menor taxa de mortalidade
Sectorialmente, e à semelhança do verificado para a taxa de natalidade, os Serviços registaram também a taxa de mortalidade mais elevada, confirmando assim o maior dinamismo das empresas deste sector na economia. O sector da Indústria destacou-se por ter registado a menor mortalidade no conjunto dos quatro sectores
2. PORTUGAL NO CONTEXTO DA UNIÃO EUROPEIA
Portugal com a terceira taxa de natalidade mais elevada em 2006
Para as secções C a K da CAE-Rev.2.1, âmbito de actividade económica para o qual existem dados disponíveis para os países da UE, observa-se que Portugal foi o país com a terceira maior taxa de natalidade em 2006 (14,2%), de entre os 16 países com informação disponível. Os lugares cimeiros foram ocupados pela Estónia e Roménia com taxas de criação de novas empresas de 15,9% e 14,6%.
Relativamente às taxas de mortalidade para 2005, Portugal foi, no conjunto dos 18 países com informação disponível, o que registou a maior taxa (14,8%). A exclusão do âmbito da análise das actividades da Educação, Saúde e Outros serviços prestados (secções M, N e O da CAE-Rev.2.1) explicará a inversão no comportamento observado para a taxa de natalidade líquida em Portugal (-0,6%).
São ainda poucos os países com informação relativamente às taxas de natalidade e de mortalidade das empresas com uma ou mais pessoas remuneradas. Ainda assim, é possível verificar uma taxa de natalidade líquida sempre positiva para o conjunto dos 8 países com dados para ambas as taxas.
Para saber mais...
Síntese Metodológica:
Os resultados agora apresentados têm por base o Sistema de Contas Integradas das Empresas (SCIE), incluindo as empresas classificadas nas secções B a O (excluindo a secção J e a divisão 91) da CAE-Rev.2.1. A análise recai sobre os nascimentos e mortes reais de empresas, taxas de sobrevivência e o papel que as novas unidades empresariais podem potencialmente desempenhar em termos de crescimento económico, criação de emprego e incremento da produtividade.
Fonte: Fonte: INE (2009), “Empresas em Portugal – 2007” e o respectivo Destaque.
Alguns conceitos utilizados:
- CAE-Rev 2.1 – Classificação das Actividades Económicas, revisão 2.1 disponível para consulta aqui.
- Nascimento real de Empresas – Número de empresas criadas, sendo excluídas as entradas no universo de estudo devidas a fusão, dissolução, cisão ou à reestruturação de um conjunto de empresas. As entradas numa subpopulação devido apenas a uma mudança de actividade não são contabilizadas.
- Nascimento real de Empresas com 1 ou mais pessoas remuneradas – Empresas criadas em n com uma ou mais pessoas remuneradas e empresas já existentes na população de empresas activas com zero pessoas remuneradas em n-1, n-2 ou em ambas que, pelo crescimento verificado, tenham pelo menos uma pessoa remunerada em n.
- Nascimento real de Empresas com 2 ou mais pessoas remuneradas – Empresas criadas em n com duas ou mais pessoas remuneradas e empresas já existentes na população de empresas activas com zero ou uma pessoas remuneradas em n-1, n-2 ou em ambas que, pelo crescimento verificado, tenham pelo menos duas pessoas remuneradas em n.
- Morte real de Empresas – Número de empresas que cessaram a actividade, sendo excluídas as empresas que cessaram a sua actividade devido a fusão, aquisição, dissolução ou reestruturação de um conjunto de empresas. Não se incluem igualmente, as saídas de uma subpopulação devidas apenas a uma mudança da actividade.
- Morte real de Empresas com 1 ou mais pessoas remuneradas – Empresas que cessaram a actividade em n com pelo menos uma pessoa remunerada e empresas pertencentes à população de empresas activas de n+1, n+2 ou em ambas com zero pessoas remuneradas e que tenham pelo menos uma pessoa remunerada em n.
- Sobrevivência de Empresas – Uma empresa sobrevive se estiver em actividade em termos de volume de negócios e/ou emprego em qualquer período do ano ou se a unidade legal a que está ligada tiver cessado a actividade, mas esta tenha sido retomada por uma ou mais unidades legais novas, criadas especificamente para utilizar os factores de produção dessa empresa.
- Sobrevivência dos nascimentos reais com 1 ou mais pessoas remuneradas – Uma empresa nascida em n-t com uma ou mais pessoas remuneradas sobrevive em n se estiver nas populações de empresas activas entre n-t e n com uma ou mais pessoas remuneradas.
- Taxa de Natalidade – Quociente entre o número de nascimentos reais e o número de empresas activas no período de referência.
- Taxa de Natalidade líquida – Diferença percentual obtida entre as taxas de natalidade de n e de mortalidade de n-1.
- Taxa de Mortalidade – Quociente entre o número de mortes reais e o número de empresas activas no período de referência.
- Taxa de Sobrevivência – Quociente entre o número de nascimentos reais em n-t e que sobreviveram em n e o número de nascimentos reais em n-t.
Outros conceitos utilizados nesta Actualidade estão disponíveis no Glossário do ALEA. Pode aceder a outros conceitos na página de Metainformação do INE.