Em termos globais, o crescimento económico, mesmo nas regiões mundiais mais pobres, cresceu significativamente no período entre 1972 e 1999: 13 por cento em África, 72 por cento na Ásia e Pacífico e 35 por cento na América Latina. Em relação ao primeiro quinquénio da década de 70, a esperança de vida aumentou oito anos, a mortalidade infantil passou de cerca de cem óbitos por mil nascimentos para pouco mais de 50, a taxa de literacia subiu de 63 para quase 80 por cento e o produto interno bruto (PIB) per capita aumentou cerca de 75 por cento.
Contudo, apesar destes progressos, a pobreza ainda é uma atroz realidade em grande parte do Planeta e nem todos os países se desenvolveram para níveis aceitáveis. Pelo contrário, muitos seres humanos continuam a viver, e a morrer, em condições degradantes. Com efeito, cerca de 1,2 mil milhões de pessoas - cerca de 20 por cento da população mundial - vive ainda num grau extremo de pobreza, com menos de um Euro por dia, e outros 2,8 mil milhões não têm mais de dois Euros. A esmagadora maioria, cerca de 75 por cento, destas pessoas vive em zonas rurais, onde aliás as carências nos cuidados de saúde, de saneamento e educação são ainda maiores do que nos centros urbanos.
UM CRESCIMENTO DESEQUILIBRADO
O Mundo pode ter assim melhorado a nível macro, mas cresceu de forma desequilibrada. Registando actualmente um aumento demográfico anual na ordem dos 77 milhões de pessoas, a população mundial passou de 3, 85 mil milhões de habitantes em 1972 para os 6,1 mil milhões nos finais de 2001. Foram, no entanto, os países subdesenvolvidos que mais contribuíram para este aumento, agravando assim a capacidade de criar estruturas sólidas de apoio económico e social. Apenas seis países são responsáveis por metade do crescimento demográfico: Índia (21,1 por cento), China (13,6 por cento), Paquistão (4,8 por cento), Nigéria (3,9 por cento), Bangladesh (3,7 por cento) e Indonésia (3,6 por cento). Ao invés, os países desenvolvidos estão a sofrer uma contracção demográfica.
PREOCUPAÇÕES
As diferenças entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos ficam bem patentes nos aspectos económicos, que se têm acentuado ao longo dos anos. Com efeito, se em 1960, a população dos países mais desenvolvidos tinha uma riqueza 20 vezes superior à dos países menos desenvolvidos, hoje esse racio é cerca de 80 vezes superior. Estima-se, por outro lado, que 20 por cento da população mundial - representando os países mais ricos - usufrua de 86 por cento dos bens de consumo, gaste 58 por cento da energia, 45 por cento da carne e peixe, 84 por cento do papel, e detenha 87 por cento dos automóveis e 74 por cento dos telefones. Ao invés, o grupo dos 20 por cento mais pobres habitantes do Planeta consome cinco por cento ou menos de qualquer um dos bens acima referidos.
Evolução populacional
Produção mundial de madeira
FONTE: WORLD RESOURCES 2000-2001
Pesca mundial e produção de aquacultura
FONTE: WORLD RESOURCES 2000-2001
Produção mundial de cereais
Consumo mundial de carne
FONTE: WORLD RESOURCES 2000-2001
Disparidade no consumo
Embora os níveis de consumo tenham aumentado globalmente nos últimos anos, tal situação não decorreu de forma homogénea. Este quadro reflecte os níveis de consumo de países ricos e pobres, salientando as profundas disparidades que se registam entre eles.
FONTE: WORLD RESOURCES 2000-2001