As estatísticas não enganam: |
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No último quarto de século, cerca de 2,8 milhões de hectares – quase um terço do País – foram devorados pelas chamas, causando várias dezenas de mortos, destruindo centenas de casas e devastando a floresta portuguesa a um ritmo semelhante à deflorestação da Amazónia. Se na década de 80 apenas se registaram dois anos com área ardida superior a 100 mil hectares, no decénio seguinte aumentou para quatro anos. E nos últimos cinco anos ainda não houve sequer um ano abaixo daquela fasquia. Para este agravamento, mostram também as estatísticas, contribuiram sobretudo os incêndios de grandes proporções, cuja frequência tem aumentado de modo significativo.
«Há duas décadas um incêndio com mais de cinco mil ou dez mil hectares era catastrófico; hoje, por causa dos incêndios de 2003, essa percepção alterou-se», salienta José Miguel Cardoso Pereira, professor do Instituto Superior de Agronomia. Se ocorresse agora, o maior incêndio dos anos 90 – que se iniciou a 13 de Agosto de 1995 no Sardoal, dizimando 7222 hectares – já seria visto com outros olhos, pois os fogos dos últimos cinco anos relegaram-no para baixo do «top 20» dos mais devastadores. Não surpreende, por isto, que o último quinquénio (2000-2004) apresente um acréscimo de 86% na área ardida por ano quando comparada com a década passada. E que também a área média ardida por cada intervenção dos bombeiros tenha crescido uns impressionantes 35%. |
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