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Notícia do jornal Público

4 de dezembro de 2020


A “família ideal” encolheu: portugueses não tencionam chegar aos dois filhos

O ideal de família está a encolher cada vez mais. Mesmo que não houvesse entraves financeiros e a instabilidade laboral não espreitasse a cada esquina, os portugueses não desejariam passar dos 2,15 filhos em média, segundo o Inquérito à Fecundidade, apresentado esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). É um valor abaixo dos 2,31 filhos que os portugueses em idade fértil declararam desejar quando, em 2013, se fez o último inquérito deste género.

Mas é no embate com a realidade e respetivas dificuldades que mais se nota o progressivo encolhimento das famílias. Entre os filhos que já tiveram e aqueles que ainda pretendem vir a ter, os portugueses não tencionam passar dos 1,69 filhos em média, contra os 1,78 registados seis anos antes, o que coloca o país em velocidade ainda mais acelerada no inelutável processo de envelhecimento. Aliás, entre 2013 e 2019, a percentagem de pessoas em idade fértil sem filhos aumentou quase dez pontos percentuais. Ao longo do mesmo período, o número médio de filhos dos portugueses desceu de 1,03 para 0,86.

E estas são tendências que tenderão a agravar-se à medida que cada vez mais “filhos únicos” chegam à idade de serem pais. “Assiste-se a uma certa normalização das descendências pequenas e mesmo das de filho único, que decorre do facto de as gerações de filhos únicos estarem na idade de ter filhos, tendo já tido tempo de perceber que não se morre por ser filho único e que há outras formas de ter relações sociais que não só através das relações familiares”, observa a socióloga Vanessa Cunha, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

“O projeto de ser pai ou mãe não está aqui em causa, o que está em causa é a passagem do primeiro para o segundo filho ou terceiro filhos”, acrescenta, por seu turno a demógrafa Maria João Valente Rosa, que coordenou a equipa do INE, para concluir que, mesmo que entrasse numa robusta maré de saúde financeira, o país “dificilmente regressará ao patamar dos 100 mil nascimentos por ano que se perdeu em 2011”.

Por um lado, porque “em períodos de fecundidade reduzida chegam ao período fértil cada vez menos mulheres”. Por outro, porque as maternidades tendem a ser cada vez mais tardias, o que pode, dadas as limitações biológicas, comprometer a passagem ao segundo ou terceiro filhos. O inquérito mostrou, aliás, que 59% dos homens tiveram filhos mais tarde do que desejavam e o mesmo se passou com 45% das mulheres. Pior: 36% das mulheres e 48% dos homens adiaram por cinco ou mais anos o projeto de serem pais (…).

 

Proporção de pessoas sem filhos

 

 

Fecundidade

 

 

 

Proporção de pessoas que tiveram o primeiro filho mais tarde

 

 

Motivos apontados como muito importantes para a decisão de não ter filhos

 

 

Consultar mais informação:

 

Notícia completa A "família ideal" encolheu: portugueses não tencionam chegar aos dois filhos”
https://www.publico.pt/2020/12/04/sociedade/noticia/familia-ideal-encolheu-portugueses-nao-tencionam-chegar-dois-filhos-1941668

Destaque do Instituto Nacional de Estatística - Inquérito à Fecundidade
https://ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=415655178&DESTAQUESmodo=2