Edição de 21 de Junho de 2003 |
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Crise põe turismo na moda |
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Em pouco tempo, o turismo passou de parente pobre a estrela da economia portuguesa. O sector é agora encarado como a «luz ao fundo do túnel» e o motor da ansiada retoma. |
Primeiro, foram os economistas a chamar a atenção para a importância de um sector sempre tido como residual (...) O problema está no ajustamento que o país enfrenta actualmente. Vem nos manuais que a economia cresce pelo consumo privado, pelo consumo público, pelo investimento ou pelas exportações. Depois da adesão ao euro e da descida das taxas de juro, as famílias aproveitaram o dinheiro mais barato para se endividarem. Agora com os empréstimos por pagar, estão em contenção de custos e o consumo privado não aumenta. O mesmo se passa com as empresas que não arriscam no investimento. O consumo público também não pode subir para controlar o défice orçamental. Resultado: restam as vendas ao estrangeiro e o turismo, uma exportação que se vende em casa (...)
10% do PIB
A importância do sector está à vista. O ministro da Economia estima o peso da actividade em 5% do PIB, os especialistas em 8 a 10% do PIB e Cavaco Silva avança mesmo com 12% do PIB, tendo em conta os efeitos indirectos da actividade. O sector emprega 8% da população activa para receber os 11, 7% milhões de turistas que visitaram o país em 2002 (uma quebra face aos 12,1 milhões de 2001) e deixaram 6,2 mil milhões de euros nos cofres nacionais. Segundo o World Travel Tourism Council (WTTC), o país tem potencial para crescer 3,9% ao ano na próxima década. Já Durão Barroso acredita nos 7%(...)
Importante ou não, parece não haver alternativa. E agora que a crise bate à porta, é urgente e necessário definir um plano estratégico que valorize definitivamente o país. Uma opção possível passa pela colagem de Portugal à máquina de «marketing» espanhola, o segundo maior destino turístico do mundo em visitantes e receitas. Mas os dois países vivem de costas voltadas, não tirando partido da atractividade do «pacote peninsular».