O PÚBLICO compilou um conjunto de dados sobre como se têm saído os rapazes e as raparigas nos exames nacionais. E, em geral, elas saem-se melhor. Já nos testes internacionais, que apelam à capacidade de “enfrentar o desconhecido”, ganham eles. Há uma matemática dos rapazes e outra das raparigas?
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Todos os anos, milhares e milhares de alunos participam nas Olimpíadas Portuguesas da Matemática. E todos os anos são escolhidos os melhores 30 para disputar a final nacional. Na edição deste ano, na categoria que envolve jovens do 10.º ao 12.º ano, competiram 22 rapazes e 8 raparigas. No ano passado, foram à final 25 rapazes e cinco raparigas. E no ano anterior, meninas, apenas três. |
O PÚBLICO compilou um conjunto de dados sobre como se têm saído os rapazes e as raparigas nos exames nacionais do 4.º, 6.º e 9.º anos do ensino básico (os do 4.º e 6.º foram este ano abolidos) e também nos do ensino secundário. Os números mostram que a média das classificações de exame das raparigas é, na maioria das vezes, superior à dos rapazes. É assim nas diferentes disciplinas. E também na Matemática.
A exceção é o 4.º ano: a média da performance dos meninos nos exames de Matemática tem sido sempre ligeiramente melhor, desde 2013. No 6.º há uma inversão: quase sempre ligeiramente melhor as meninas. No 9.º também. A distância aumenta no secundário. No ano passado, a média das notas dos rapazes no exame do secundário de Matemática foi de 11,80 valores (numa escala que vai até 20) e a das raparigas de 12,31. Ou seja, um pouco mais de meio valor de diferença, a mais alta dos últimos cinco anos.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) tem vindo a alertar, em várias ocasiões, para a questão das desigualdades. No seu estudo ABC da igualdade de género na Educação: Aptidão, Comportamento, Confiança, divulgado no ano passado, dava conta de que os rapazes tendem a abandonar a escola mais cedo do que as raparigas, gastam menos tempo com trabalhos de casa, têm mais propensão para achar a escola um desperdício de tempo. Os resultados dos testes feitos a 510 mil alunos de 15 anos, em 60 países e zonas económicas no âmbito do mega estudo internacional da OCDE, o PISA, mostram isto: em 2012, último ano para o qual há dados, as raparigas saíram-se melhor do que os rapazes na leitura (38 pontos de diferença nos países da OCDE — “o equivalente a um ano de escola”); os rapazes saíram-se melhor do que as raparigas na Matemática (em média 11 pontos melhor — “o equivalente a três meses de escola”).
Como foi em Portugal? Seguiu a tendência internacional. E ao contrário do que se passa nos exames nacionais, nos testes PISA de Matemática a pontuação dos rapazes foi (em média) 11 ponto superior à das raparigas — dentro da média da OCDE.
Consultar mais informação:
Notícia completa “A Matemática é para o menino e para a menina?”
https://www.publico.pt/sociedade/noticia/e-para-o-menino-e-para-a-menina-1736124
Estudo ABC da igualdade de género na Educação: Aptidão, Comportamento, Confiança
https://www.publico.pt/1688123
Os resultados dos testes feitos a 510 mil alunos de 15 anos, em 60 países e zonas económicas
https://www.publico.pt/1614825
PISA
https://www.publico.pt/1614820
Exercícios simples não chegam para aprender Matemática.
OCDE diz que a literacia matemática é fundamental no trabalho e na vida dos alunos. E alerta: os exercícios rotineiros dados aos alunos na sala de aula não são suficientes para melhorar os resultados.